quarta-feira, 6 de abril de 2011

Plano de aula - História (O Rio de Janeiro continua lindo?)

Queridos,


Segue um Plano de aula muito interessante para o debate da atual Rio de Janeiro. Essa temática nos abre espaço para discussões diversas como o planejamento urbano e o crime organizado. Podemos trabalhar paralelamente com filmes como os "Tropa de Elite" e com músicas e novelas diversas. Vamos aproveitar!

Um abraço,

O Rio de Janeiro continua lindo?

Bloco de Conteúdo
História

Conteúdo: História do Brasil

Conteúdo relacionado
Este plano de aula está ligado à seguinte reportagem de VEJA:
Habilidades: Compreender a mudança da capital do Rio de Janeiro para Brasília como um projeto político que tem suas origens no período colonial brasileiro.

Tempo estimado: Duas aulas

VEJA desta semana traz um artigo de J.R. Guzzo em que o jornalista lamenta a transferência da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília, ocorrida em 1960, e fala sobre as consequências dessa mudança para a cidade carioca.

O Rio de Janeiro foi sede do governo brasileiro por quase 200 anos. A cidade ganhou status de capital federal em 1763. Até então, o governo estava sediado em Salvador, mas, com a descoberta de ouro em Minas Gerais, a cidade baiana ficou distante do principal pólo econômico do país, tornando-se necessário transferir a capital para o sudeste.

Poucos anos depois, começaram debates sobre uma nova transferência da capital, que deveria sair do litoral e ir para o interior do Brasil. Os primeiros a cogitar a ideia foram os inconfidentes mineiros, em 1789, que defendiam mudar a capital do Rio de Janeiro para São João Del Rey, em Minas Gerais. Com a derrota dos inconfidentes, a proposta perdeu força e só foi retomada mais de 20 anos depois, em 1813, quando o jornalista Hipólito José da Costa Pereira de Mendonça, defendeu no Correio Braziliense, publicado em Londres, a transferência da capital para uma região às margens do Rio São Francisco, no Planalto Central. A proposta teve grande repercussão em Portugal e na Inglaterra, mas acabou sendo deixada de lado.

A interiorização da capital voltou a ser defendida por José Bonifácio de Andrada e Silva, em 1821. Com grande influência política, o estadista escreveu um documento dirigido à Corte de Lisboa e ao parlamente pedindo a mudança. Dois anos depois, José Bonifácio se tornou primeiro ministro do Brasil independente e passou a pressionar a Assembléia Constituinte pela mudança – sem sucesso. O assunto voltou à baila após a proclamação da República, em 1891, e foi incluído como meta na Constituição de 1946. A transferência, contudo, só veio a acontecer mais de uma década depois, no governo de Juscelino Kubitschek.

Analise com seus alunos a perda do status de capital do Rio de Janeiro, explique seus aspectos históricos e geopolíticos e avalie a herança deixada para a cidade, que ingressou em uma fase de empobrecimento e perda de poder político.

Atividades
1ª aula
Pesquise com a turma em livros, enciclopédias ou na internet imagens sobre o Rio de Janeiro antes de 1960. Explore as principais construções desse período, como o Palácio do Catete (sede do poder Executivo), o Palácio Monroe (sede do Senado da República), o Palácio Tiradentes (sede da Câmara dos Deputados) e a Biblioteca Nacional, entre outros. Mostre que o Rio, até aquele momento, fazia jus a seu apelido de "cidade maravilhosa" não só por seus encantos naturais, mas também por seus prédios elegantes e pelo status de capital federal.

Após essa pesquisa, pergunte aos alunos por que, então, o presidente Juscelino Kubitschek teria resolvido transferir a capital do país para o Planalto Central?

Explique que o principal argumento usado pelo governo JK era a proximidade entre o Rio de Janeiro e os principais centros demográficos do país. Essa proximidade fazia com que os políticos ficassem reféns de pressões dos movimentos populares organizados. E o governo acreditava que, ao mudar a capital para uma região afastada, conseguiria garantir o isolamento necessário para que os políticos pudessem tomar decisões mais conscientes e imparciais. Isso de fato ocorreu, mas, com o deslocamento do governo para uma cidade distante, longe dos grandes centros e das pressões populares, aumentou também a corrupção.

Outra justificativa para a transferência da capital para Brasília foi a colonização e o desenvolvimento do centro-oeste do país. Na visão de Juscelino, era preciso ocupar a última fronteira do Brasil e criação de Brasília respondia muito bem a esse interesse.

Por fim, o argumento decisivo para a mudança foi a segurança nacional. Brasília era considerada muito mais segura do que a capital anterior, localizada no litoral e, portanto, um alvo fácil para eventuais marinhas inimigas. Esse argumento era bastante forte nos anos 1950 porque ainda eram muito vivas as imagens da II Guerra Mundial, quando submarinos alemães chegaram a torpedear navios brasileiros no litoral.

Abra um debate com os alunos: esses argumentos são suficientemente fortes para justificar a transferência da capital? Será que a perda do status de capital para Brasília teria contribuído para a favelização e o empobrecimento do Rio de Janeiro? Se isso é verdade, por que Brasília também possui favelas nas suas cidades-satélite?

 2ª aula  Apesar de ter perdido o status de capital do Brasil, o Rio de Janeiro continua sendo um dos principais centros de produção cultural do país. Levante com seus alunos os principais aspectos da cultura carioca. Eles observarão que a cidade possui um movimento musical, teatral e de produção audiovisual muito ativo. Analise com a turma o sotaque utilizado nas novelas das grandes redes abertas de televisão. Eles perceberão que, inevitavelmente, os atores que trabalham nessas empresas se manifestam com sotaque carioca. Pergunte a eles por que isso acontece.

Convide a garotada a identificar movimentos musicais nascidos no Rio de Janeiro. Eles certamente encontrarão a bossa nova, o funk carioca e o samba, entre outros. Convide os alunos a trazer para a sala de aula exemplos desses ritmos para serem ouvidos pela turma. Você pode dar início às apresentações colocando para a classe o Samba do Avião, de Tom Jobim (veja mais sobre o maestro e compositor carioca no quadro abaixo), e analisando como ele observa a cidade.

Para seus alunos Garoto de Ipanema
Antonio Carlos Brasileiro Jobim foi um dos maiores compositores brasileiros. Considerado um dos criadores da Bossa Nova, ao lado de João Gilberto e Vinícius de Moraes, nasceu na Tijuca, em 1927, e mudou-se ainda pequeno para Ipanema, onde foi criado. É autor de uma das canções mais famosas do mundo, Garota de Ipanema, escrita em parceria com Vinícius de Moraes em 1963, além de centenas de canções imortalizadas por intérpretes como Elis Regina e Miúcha, entre outros. Tom Jobim faleceu em 1994, em Nova York.

Em Samba do Avião, Jobim descreve a chegada por via aérea à sua amada cidade e canta aspectos de sua paisagem natural e humana. Confira a letra da música:

Minha alma canta,
Vejo o Rio de Janeiro,
Estou morrendo de saudade.
Rio, teu mar, praias sem fim,
Rio, você foi feito pra mim.
Cristo Redentor, Braços abertos sobre a Guanabara.
Este samba é só porque, Rio, eu gosto de você,
A morena vai sambar, Seu corpo todo balançar.
Rio de sol, de céu, de mar,
Dentro de mais um minuto estaremos no Galeão
Este samba é só porque,
Rio, eu gosto de você,
A morena vai sambar,
Seu corpo todo balançar.
Aperte o cinto, vamos chegar,
Água brilhando, olha a pista chegando,
E vamos nós.
aterrar
Ao final da sessão musical, retome com a turma a aula anterior, relembre os problemas pelos quais o Rio de Janeiro passou ao deixar de ser capital federal e peça que eles escrevam uma redação sobre o tema “O Rio de Janeiro perdeu seu status de capital política, mas tornou-se uma capital cultural.